Análise: Cult of the Lamb

É raro um jogo conseguir conseguir impressionar logo nos primeiros minutos, mas Cult of the Lamb é tão eficaz a mostrar ao jogador aquilo que o torna bom que é impossível resistir ao jogo após um par de minutos. Este novo roguelite com elementos de sobrevivência da Revolver Digital tem um conceito tão original como esta editora nos habituou e a jogabilidade é perfeita. Nos primeiros momentos do jogo, o nosso protagonista é sacrificado e trazido de volta à vida como um emissário de um deus ancião aprisionado. O nosso trabalho é tal como o nome pode indicar, reunir devotos para adorar o ser sobrenatural e assassinar os quatro bispos hereges que se opõem a ele.

A não ser que tenham algum problema com algum sacrilégio, o jogo é fenomenal. Visualmente é super interessante, com um estilo que me fez lembrar a tempos Paper Mario, muito colorido, mas também com toda uma linha visual satânica que o meu fã de metal interior não pode deixar de adorar. Cult of the Lamb é um jogo em duas partes distintas que funcionam em sincronia.

Metade do jogo é um dungeon crawler com elementos rogue que funciona de forma semelhante a The Binding of Isaac, com as salas num layout semelhante e até funções de salas semelhantes. O Cordeiro que controlamos, percorra cada um dos reinos dos bispos em direção ao seu líder que precisamos de derrotar para libertar o nosso próprio deus das suas correntes. As nossas armas são escolhidas no início de cada corrida, e os power-ups são determinados por cartas igualmente selecionadas aleatoriamente.

Os elementos rogue são muitos, mas Cult of the Lamb não se fica apenas por aqui. A outra metade do jogo tem muito mais em comum com um jogo de gestão. É um simulador de gestão do culto em si, onde precisamos de garantir que o nosso deus é adorado e os nossos fieis têm comida e existem várias infraestruturas para eles trabalharem e rezarem. O culto é composto de seguidores que conquistamos nos quatro reinos. Alguns vamos resgatar durante o jogo e outros compramos a aranhas ameaçadoras, enquanto que outros aparecem quando derrotamos um boss.

Os nossos fieis súbditos precisam de ser alimentados, limpos, alojados e de missas dadas por nós também. Temos de garantir uma série de coisas para eles trabalharem e poderes rezar, já que é através da sua devoção que vamos conseguir ficar mais poderosos. Há um relógio no jogo pelo qual o culto funciona, e todos os dias temos a oportunidade de fazer um sermão ou realizar rituais que aumentam a lealdade. Se a fé deles diminuir, há risco de doença, fome ou dissensão entre seus crentes. Apesar destes dois sistemas funcionarem bem em conjunto, não podiam vir de mundos mais diferentes em termos de jogabilidade e inspiração. Este sistema de gestão tem muito mais em comum com um Stardew Valley do que com um roguelite.

Apesar disso, a pressão de crescer e manter um culto próspero oferece um contraste perfeito ao combate de alta intensidade do jogo. Enquanto que muitos jogos do género parece que estamos limitados a fazer a mesma coisa vezes sem conta, aqui sentimos necessidade de sair do mundo do combate para tomar conta do nosso culto, trazer comida e recursos, assim como novos súbditos.

Não posso dizer que Cult of the Lamb tenha sido uma agradável surpresa, já que da Devolver já me habituei a esperar bom e original, mas não posso deixar de referir a qualidade do jogo. Há muito para explorar e a jogabilidade é muito gratificante. Sejam vocês fãs de jogos como Hades ou Animal Crossing, há muito aqui dos dois mundos.

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