Análise: NecroBoy: Path to Evilship

Há algo de impressionante num jogo desenvolvido por apenas uma pessoa. Um jogo engloba tanta coisa que é realmente impressionante que alguém consiga trabalhar em todas as vertentes de um jogo e mais impressionante é quando o resultado é bom no final. Um jogo tem programação, tem arte conceptual, arte 3D, som, level design, é tanta coisa a ter em conta. NecroBoy: Path to Evilship é um destes jogos. É um jogo de puzzles 3D, com um toque de terror nos visuais e que é uma experiência realmente agradável.

Por vezes podemos olhar para estes projetos pessoais e termos tendência para não sermos tão duros na critica, mas quem já leu algumas das minhas análises pode-se ter deparado com uma análise a outros projetos deste género e sabe que não me importa muito se quem fez o jogo foi uma, dez ou mil pessoas, o que interessa é o resultado final. Felizmente, com NecroBoy: Path to Evilship não preciso de vestir o papel de mau da fita, já que o jogo é realmente bom.

O NecroBoy, a personagem titular do jogo, encontra-se numa aventura para encontrar e pilhar a cripta do Necroman e assim tornar-se o maior necromancer do reino. O jogo conta com algumas cutscenes entre cada nível que contam esta história. Não são umas cutscenes muito elaboradas, mas servem o seu propósito. A escrita é boa e mantêm o tom leve do jogo. Não existem vozes nas cutscenes, mas lembram-se de eu referir que o jogo foi feito por apenas uma pessoa certo? Já era pedir de mais e consigo lembrar-me de uma centena de jogos com orçamentos bem maiores que se safam sem vozes também.

Em termos de jogabilidade, o jogo é composto por níveis bastante pequenos onde o objetivo é simplesmente encontrar a saida. Isto parece mais fácil do que é na realidade já que para a encontrar temos de resolver uma variedade de puzzles. As tarefas em si são simples, mas o NecroBoy não consegue interagir diretamente com os objetos. Para isso ele tem que chamar uma série de minions para fazer o trabalho, cada um tem uma tarefa específica, correspondendo a uma espécie de classes do jogo. Quem não for um jogador muito recente irá recordar-se de uma série de jogos que usam o mesmo princípio, como Pikmin da Nintendo ou Overlord, um jogo que até se assemelha em temática mas que é mais focado no combate.

Os controlos do jogo são bastante simples, temos simplesmente de nos colocar perto de uma pilha de ossos para chamar uma criatura e carregar noutro botão para as mandar interagir com um objeto. Não controlamos estes fantasmas diretamente e eles seguem-nos automaticamente. Com o tempo os puzzles vão-se complicando e vamos ter que aprender novas coisas, como adormecer alguns dos fantasmas para que parte da nossa força fique no sitio enquanto a outra parte fica numa zona inacessível ou ao contrário. Este tipo de puzzles tem tudo para dar alguns problemas de colisão, mas felizmente o jogo não sofre de grandes problemas técnicos, algo raro num jogo desenvolvido por apenas uma pessoa. Os puzzles em si também não são muito complexos, mantendo o tom leve que o jogo apresenta desde o início.

Visualmente o jogo vai buscar inspiração à temática de terror, mas não numa forma assustadora, mas sim perto de um Hotel Transilvânia ou algo do género. Pessoalmente é um estilo que gosto bastante já que sou fã de terror. Em termos de som talvez se note um pouco mais que o jogo foi desenvolvido por apenas uma pessoa, mas não há aqui nada de realmente mau. O jogo não é super longo, mas ainda consegue oferecer um modo história com cerca de seis horas de conteúdo, com outros modos para poderem experimentar enquanto jogam a história ou depois de a terminarem.

NecroBoy: Path to Evilship é um jogo bastante agradável que apesar de ser desenvolvido apenas por uma pessoa consegue oferecer uma experiência rica e coesa. Foram tomadas as melhores decisões possíveis para manter o jogo focado naquilo que é e não em ideias que pudessem fazer o projeto crescer e fazer o seu criador perder o controlo das coisas. Não corre muitos riscos com a sua formula, mas o resultado final é um jogo que irá ocupar bem pequenas pausas na Steam Deck, ou um fim de semana.8

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