Análise: Dead Space

Depois do encerramento da Viceral Games, não havia grandes esperança para vermos um novo Dead Space. Apesar da série ter terminado, ou pelo menos a história da trilogia, muito jogadores pediam mais. Com as grandes editoras cada vez mais focadas em jogos que possam rentabilizar durante muito tempo, a EA tem sido uma verdadeira surpresa, ao lançar vários jogos para um jogador, sem DLCs ou grandes micro transações como Star Wars Jedi: Fallen Order, Star Wars: Squadrons e agora também este Dead Space. Dead Space é um remake do primeiro jogo, desenvolvido pela Motive Studio e sem influência dos criadores originais.

Pessoalmente acho que o primeiro Dead Space ainda não necessitava de um remake, mas a existir não me posso queixar e se isto significar um novo futuro para a série, melhor ainda. Visualmente este novo Dead Space é deveras impressionante e apesar de muito bom e influente, o primeiro Dead Space já mostra a sua idade. Este novo Dead Space é acima de tudo uma versão polida do original. É uma oportunidade única de relançar o jogo com cara lavada e sem qualquer dos problemas do original. Numa era de remakes tanto no cinema como no mundo dos jogos, não podia pedir muito melhor do que a Motive Studio fez aqui.

Dead Space é um shooter na terceira pessoa onde exploramos uma nave mineira que está a ser infestada por necromorphs, uma espécie de zombies com influência de terror espacial com sabor a The Thing. Isto tudo já era terreno batido na altura do original, mas aquilo que mais distinguia Dead Space dos jogos que viram antes era o foco no armamento à base de ferramentas e como esse armamento interagia com os inimigos. O jogo era sem dúvida assustador, mas o combate era muito gratificante. Todos esses elementos estão presentes também no remake. A nave mineira assustadora, com um ambiente ainda digno de realce, o combate, a atmosfera, os sustos e tudo o que fez do original um clássico.

Isaac Clarke é a personagem que controlamos. Ele entra a bordo da USG Ishimura para fazer reações e para encontrar a sua namorada Nicole Brennan, uma médica. Infelizmente a invasão necromorph estraga todos os seus planos, tornando a experiência um verdadeiro trauma que afeta a sua sanidade mental. Com o desenrolar da história, Isaac percebe que a ameaça começou com um artefacto alienígena que foi trazido a bordo e o resto fica para descobrirem ou caso já tenham jogado o original, para relembrar. A série original começou com uma influência grande System Shock. Aliás, o Dead Space original começou por ser uma sequela de System Shock 2 antes de se tornar a sua própria IP. Com as sequelas o jogo tornou-se mais focado na ação e perdeu alguns dos elementos que tornaram o original tão bom.

O combate da série original como se tornou o foco acabou por não se tornar melhor com o tempo. O remake foca-se essencialmente em atualizar para os nossos dias o combate do original. Isto não quer dizer que o remake não traga as suas próprias ideias. Existe uma reajuste no poder das armas, principalmente porque algumas armas menos populares viram o seu poder e utilidade melhorados, com modos de disparo alternativos. O combate continua a fazer juz ao nome do estúdio original, sendo ainda mais visceral do que o do jogo original. Algum do armamento é assustador, principalmente uma das armas que é capaz de retirar camadas inteiras de pele. O jogo continua a sacrificar realismo por elementos que tornam o jogo mais satisfatório enquanto jogo. Os pontos fracos dos inimigos são realçados por exemplo e no geral tudo com que podemos interagir está realçado nos níveis do jogo.

Dead Space encoraja a exploração. Tal como no original podemos recolher power nodes que podemos adicionar à nossa arma. A novidade no remake é que alguns dos pontos onde podemos adicionar estes nodes são desbloqueados por itens que activam funções específicas. O sistema em si é muito simples quando começamos a usá-lo e parece bem mais complicado ao tentar explicar. A trilogia original acabou por ficar aquém em termos narrativos. A história começou bem, essencialmente porque começou de forma simples. No terceiro jogo a história já estava demasiado martelada para ser coerente. Este remake foi a oportunidade perfeita de rectificar também a história, para que fosse mais coerente e Isaac agora tem uma voz, o que ajuda bastante também.

Dead Space está de volta e melhor do que nunca. O remake retifica a grande maioria dos problemas não só do jogo como da trilogia no geral. A trilogia original continua a ser recente o suficiente para poder ser jogada e aproveitada, mas este remake consegue ser talvez o melhor jogo da série. Não sei se no futuro teremos mais, mas pessoalmente gostaria de ver uma continuação deste remake, mesmo que reescreve-se por completo os outros dois jogos em vez de os refazer.

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