Análise: Hello Neighbor 2

Hello Neighbor 2 é a sequela de um verdadeiro fenómeno do YouTube. Enquanto jogo não posso dizer que o jogo tenha sido um exemplo de qualidade, mas foi lançado na altura certa para que se tornasse viral no YouTube e a licença em si tornou bem mais interessante que o jogo propriamente dito. Além do primeiro jogo foram lançados vários spinoffs e até uma série animada, mas aquilo que os jogadores realmente queriam era uma sequela que construí-se em cima das boas ideias do primeiro jogo e no fundo fosse a concretização das promessas feitas no início do projeto, bem antes até do lançamento do primeiro jogo.

Infelizmente essa promessa inicial da versão alpha do jogo original ainda não se materializa aqui. Hello Neighbor 2 não é aquilo que os jogadores procuravam. Mr. Peterson está de volta, o vizinho sombrio e misterioso que é capa do jogo. O jogo não entra em grandes detalhes no que toca a história novamente, mas implica que o jogador encarna a mesma personagem do original, mas anos depois, já em adulto. Os eventos do jogo anterior deixaram-no traumatizado e o objetivo é novamente entrar na casa do vizinho para encontrar provas de rapto, mas também entrar nas casas de outras pessoas da cidade.

O conceito em si continua tão forte como sempre. O loop da jogabilidade tem tudo para dar certo também. Existem muitos puzzles no ambiente para resolver e temos que ser o mais furtivos possível para conseguir ter algum sucesso. Existem alguns problemas com a premissa, ou pelo menos na forma como é explicada. Não faz muito sentido que alguém que nos raptou e parece ter um passado tão sombrio simplesmente nos ponha fora de casa para que possamos tentar novamente. É um pouco estranho, mas no que toca à jogabilidade, existem muitos passos da direção certa, mesmo que o resultado final ainda fique aquém do jogo de terror impulsionado por uma IA que se adapta ao jogador, aprendendo a reagir às suas escolhas. Isto é o fator que realmente devia definir Hello Neighbor 2.

Hello Neighbor 2 é essencialmente a mesma experiência do primeiro jogo. Não é um jogo de ação, é essencialmente uma aventura com elementos de jogo furtivo, já que essencialmente temos de resolver puzzles. O jogo nunca nos diz exatamente o que temos de fazer, temos de ser nós a descobrir como podemos avançar na casa de Mr. Peterson. Enquanto que outros jogos nos ajudam através da sua história, aqui podemos ficar realmente perdidos, já que por vezes apenas pequenos pormenores nos indicam por onde avançar. Além disso temos que fazer tudo isto sem sermos apanhados pelo Mr. Peterson.

A sequela expande as ideias do jogo do original, raramente melhorando-as. Existem mais zonas para explorar já que temos acesso a todo o bairro desta vez. Este aumento de escala é uma mudança bem vinda e torna o jogo mais desafiante. Felizmente temos também acesso a uma série de novas ferramentas e gadgets, como um drone que nos dá uma vista aérea geral de todo o bairro. O jogo continua a ser um jogo de terror apenas em nome. Existem momentos tensos sim, mas um jogo de terror precisa de uma atmosfera assustadora para ser realmente eficaz e Hello Neighbor 2 não tem isso. Nada contra para ser sincero, mas Hello Neighbor e a sua sequela são de terror numa estética de halloween para crianças e nada mais.

Hello Neighbor 2 consegue melhorar muitos aspetos do jogo original, mas a jogabilidade em si ainda não consegue ser aquilo que muitos jogadores imaginaram quando viram a primeira apresentação do jogo. O conceito e narrativa andam em direções opostas também. É fácil olhar para Hello Neighbor 2 e ver todo o potencial e a licença em si tem muita perna para andar, mas talvez como um filme. Isso seria perfeito. A mecânica principal, da IA que aprende com o jogador e se torna melhor a cada corrida é algo que pode realmente ser inovador, mas ainda não é com Hello Neighbor 2 que podemos experimentar o conceito na sua plenitude.

Share this post

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ComboCaster