Análise: Horizon Call of the Mountain

Horizon Call of the Mountain é o grande jogo de lançamento do PlayStation VR 2. É aquele jogo que devia mostrar todas as novas capacidades do novo periférico da Sony e consegue fazê-lo. Isto não quer dizer que enquanto jogo seja perfeito, apresentando alguns problemas. Alguns deles são inerentes à tecnologia e apenas o futuro os poderá resolver, mas no fundo também se podia dizer que cabia à Guerrilla Games ter evitado esses mesmos problemas, mas chegaremos a esse ponto mais à frente.

A mecânica principal de Horizon Call of the Mountain é a escalada. Tal como o nome do jogo indica, tudo acontece numa montanha. Há muito de Horizon aqui, mas não podemos esperar de Horizon Call of the Mountain uma experiência igual à dos restantes jogos da série. Este é um jogo pensado para VR e como tal o movimento é limitado. É um jogo sobre uma viagem ao topo da montanha e o destino é o menos importante. A história em si fica um pouco aquém daquilo que os jogos anteriores mostraram, assim como vários outros elementos, mas enquanto jogo VR, há muito para gostar aqui.

Basear grande parte do jogo em escalar foi uma jogada arriscada. A mecânica pode tornar-se repetitiva, mas é de longe a parte mais intuitiva do jogo. O movimento horizontal baseia-se demasiado na jogabilidade um jogo tradicional e o resultado é tudo menos o desejável num jogo para realidade virtual, mas o movimento vertical da escalada simplesmente funciona. Com o decorrer do jogo a escalada simplesmente se vai tornando melhor também, pelo menos até se tornar repetitiva. Vamos tendo acesso a cada vez mais gadgets e a variedade de coisas que temos para escalar é também maior.

O principal problema de Horizon Call of the Mountain é a forma como as suas várias vertentes encaixam, ou melhor, não encaixam. Podemos quase que olhar para a história, escalada e combate como coisas diferentes, já que nunca fazemos duas das três ao mesmo tempo. O objetivo do jogo é continuar a subir um pico básico, mas sempre que encontramos um obstáculo ou descobrimos algo interessante, somos enviados de volta ao início. Esta viagem e o retorno subsequente é feita através de uma viagem rápida, mas não deixa de quebrar o ritmo. O resultado final é que Horizon Call of the Mountain é uma experiência narrativa superficial. É uma história extremamente linear e, embora as poucos personagens que encontramos ao longo do caminho sejam decentes, os seus arcos de história parecem existir apenas por necessidade.

Em Horizon Call of the Mountain jogamos como Ryas, uma personagem muito pouco memorável, um pouco como as várias que vamos encontrar e que são novas na série. O seu irmão partiu numa missão perigosa, e temos que segui-lo até a montanha para detê-lo. O sucesso restaura a liberdade de Ryas. Apesar do fato de rotineiramente recuar os passos até o início enquanto ele avança, nunca parece que ficamos muito para trás. Como disse acima, a história e consistência não é o ponto forte do jogo. Nem tudo é escalada. Há também algum combate envolvido e, embora a maioria do tiro com arco seja para resolver puzzles, vamos combater contra os tradicionais robôs selvagens da série. As lutas contra bosses parecem bastante datadas, pelo menos nos conceitos que utilizam. Não me recordo de tantos combates em pequenas arenas fechadas há muitos anos, mas também entendo que sejam as limitações atuais da tecnologia. O meio ainda é muito novo para reunir melhores implementações.

Enquanto lutamos contra as maiores bestas que Horizon tem a oferecer ficamos presos numa posição, incapaz es de nos mover-mos livremente, tendo apenas o nosso arco como único recurso. Podemos esquivar-se balançando os dois braços, o que faz com que a nossa personagem dê passos laterais. A luta em si pode ser problemática, pois temos de virar o arco para o lado para seleccionar o tipo de flecha, e é muito fácil escolher a errada. Existem mais alguns elementos e armas, mas o combate nunca foge muito disto que acabei de descrever. Tendo disto isto, apontar com o arco é preciso e ter controlo total sobre o que atirar e onde, é imensamente satisfatório. Arrancar partes das feras ou derrubá-las completamente é simplesmente brutal em VR e o sentimento de conquista é verdadeiramente superior aqui. As batalhas simplesmente não deveriam ser tão frustrantes, mas felizmente são poucas e distantes entre si.

A exploração é a grande fatia da experiência do jogo. Infelizmente, essa mesma exploração também é limitada. Horizon Call of the Mountain não é apenas linear e muitas vezes totalmente vertical, mas também impede que voltemos atrás. Parte disso deve-se ao meio VR, mas também a história nos incentiva a continuar em frente e nunca olhar para trás. Considerando que Aloy pode correr livremente pelos campos, este Horizon Call of the Mountain nunca consegue passar a ideia de ser o próximo grande capítulo da série, mas algo extra, um spin-off. tem elementos maravilhosos e atinge a parte mais importante perfeitamente. É talvez a expetativa o maior inimigo do jogo, já que quando olhamos para ele pelo que é, Horizon Call of the Mountain é excelente, mas é excelente para o um jogo VR e se calhar nesta altura queríamos algo mais. Visualmente o jogo é também fantástico e o som consegue realmente envolver toda a experiência. É um jogo que nos faz ter a certeza de que começamos a ficar perto do futuro que sonhámos em criança.

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