Análise: Dark Quest 3

Os RPGs de mesa e jogos de cartas têm um destaque particular na minha vida. Existe algo de encantador em reuni amigos e família em torno de uma mesa e, com a ajuda da imaginação, transformar um conjunto de miniaturas, livros de regras, dados e um baralho de cartas em masmorras perigosa. No entanto, essa fórmula pode-se adaptar ao mundo dos jogos virtuais com facilidade. Dark Quest 3 é um jogo no estilo antigo, com um enorme fator nostálgico que procura atrair os jogadores enquanto mantém uma fórmula testada e aprovada. Embora não seja revolucionário, a atmosfera do jogo proporciona diversão old-school que irá parecer familiar a muitos jogadores. Parece que Dark Quest 3 é um jogo de tabuleiro adaptado para uma experiência digital para um único jogador. Os developrs criaram aqui um roguelite mais comum. Na verdade, o jogo combina a aleatoriedade trazida pelo sorteio de cartas e pelo lançamento de dados, com um grupo de heróis avançando sob o olhar atento de um mestre de masmorras.

Existem mais de 12 heróis disponíveis, cada um com opções interessantes. Temos bárbaros e magos, cavaleiros e arqueiros e também há classes novas, como o príncipe. No início do jogo, temos acesso apenas a quatro classes, enquanto o restante pode ser desbloqueado à medida que avançamos no jogo. Uma grande parte da jogabilidade repetível do jogo vem da aleatoriedade do sorteio, nunca se sabendo para onde as cartas de aventura irão levar-nos. Será necessário contar com muita sorte e fazer várias corridas que levam a eventos que permitem recrutar novos companheiros. Ao todo, existem 13 áreas que podem ser visitadas, cada uma associada a mais de 150 cartas de aventura. Após concluir uma área e derrotar o boss final podemos começar com a próxima na sequência. Embora as áreas sejam organizadas de forma linear, a aleatoriedade das cartas de aventura faz com que pareça menos repetitivo. No entanto, com um número suficiente de corridas, acabamos por conhecer o conteúdo das cartas de aventura.

Existe um recurso que permite influenciar o resultado dos dados e grande parte dos desafios do jogo podem ser resolvidos com lançamentos de dados. Podemos acumular jogadas de dados que podemos usar para rolar novamente caso estejamos insatisfeitos com o resultado inicial. Isso adiciona uma camada estratégica ao jogo, permitindo que o jogador tome decisões mais informadas e procure obter melhores resultados ao gerir as suas jogadas de dados acumuladas. Os recursos disponíveis no jogo também incluem armas, armaduras, feitiços e poções que podemos encontrar ao longo da aventura. Esses recursos oferecem um alívio muito necessário diante da oposição constante que enfrentamos, no entanto, todas as cartas de equipamento que descobrimos serão perdidas assim que a corrida terminar. Embora a sorte e a aleatoriedade do sorteio desempenhem um papel crucial em manter o jogador envolvido na jogabilidade, isso por si só não seria suficiente para tornar Dark Quest 3 uma experiência que merece a nossa atenção. O fator mais importante continua sendo a atmosfera do jogo e o jogo consegue com muito sucesso oferecer algo que deixa a sensação de ser um tabletop.

Essa imersão proporciona uma sensação autêntica de estar a participar numa sessão de RPG de mesa, onde a imaginação ganha vida e o jogador se envolve emocionalmente nas decisões e resultados. A narrativa conduzida pelo dungeon master cria um ambiente envolvente, à medida que nos deparamos com desafios e o jogador toma decisões estratégicas para superá-los. As vozes resumen-se a uma única voz presente no jogo, que desempenha um papel significativo em fazer o jogador realmente acreditar que está imerso numa fantasia heróica, na qual decisões táticas podem fazer a diferença entre a vitória triunfante e a derrota desastrosa. No entanto, o único problema é que, após várias jogadas, o mundo da fantasia começa a parecer um pouco genérico, sem a coragem necessária para se destacar dos caminhos já trilhados pelos RPGs clássicos. A variedade de classes disponíveis ajuda a melhorar a situação, mas se tivermos o azar de realizar várias jogadas sem desbloquear novos personagens, Dark Quest 3 pode deixar de nos motivar a continuar a avançar. Outro fator desmotivador são os controlos desajeitados no campo de batalha.

Essas questões relacionadas à jogabilidade e aos controlos podem afetar negativamente a experiência geral do jogo, tirando um pouco da imersão e da fluidez que se espera de uma experiência de RPG. No entanto, vale ressaltar que, apesar desses obstáculos, a atmosfera do jogo continuam a ser pontos fortes. Visualmente, Dark Quest 3 transporta-nos de volta a uma época em que os RPGs eram mais simples e em que tínhamos mais tempo para nos dedicar a eles. A atmosfera do jogo é nostálgica, evocando uma sensação de conforto e familiaridade. Alguns ambientes, como a floresta, parecem mais inspirados do que outros, adicionando uma pitada de variedade visual à experiência. Dark Quest 3 é uma adaptação muito bem-feita de um jogo de mesa para o ambiente digital. Alguns podem considerar o jogo um tanto genérico, e há algumas arestas que poderiam ter recebido mais atenção, no entanto, no geral, o jogo não decepciona e oferece uma pausa relaxante dentro do género.

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