Análise: Days of Doom

A Atari foi uma das empresas pioneiras na indústria de jogos eletrónicos e é conhecida por ter desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento e popularização dos videojogos desde os seus primeiros dias. Fundada em 1972, a Atari é responsável por jogos icónicos como Pong, Asteroids e, claro, a série Atari 2600, que marcou uma geração inteira de jogadores. No entanto, ao longo dos anos, a empresa passou por altos e baixos, mudanças de propriedade e reinvenções constantes para se manter relevante no mercado em constante evolução. Recentemente, a Atari tem feito esforços para resgatar a nostalgia dos seus títulos clássicos, com o lançamento de coleções de aniversário e recriações de jogos lendários. Estes movimentos foram bem recebidos pela comunidade de jogadores, que tem apreciado a oportunidade de reviver os seus momentos de infância com as versões modernas dos jogos Atari.

No entanto, a pergunta que muitos fãs se fazem é se a Atari é capaz de ir além da nostalgia e produzir novos títulos originais que possam competir com os jogos contemporâneos. É nesse contexto que surge Days of Doom, um título original da Atari que explora o popular cenário de apocalipse zombie. A história do jogo coloca os jogadores no controlo de um grupo de sobreviventes que tentam alcançar um lugar mítico chamado Sanctuary, pelo meio de um mundo devastado por mortos vivos. O caminho para Sanctuary é repleto de desafios, com um mapa gerado aleatoriamente que apresenta encontros imprevisíveis e combates intensos. A principal moeda de troca neste mundo pós-apocalíptico é o petróleo, essencial para mover o veículo do grupo entre os pontos de interesse no mapa.

As batalhas em Days of Doom são baseadas em estratégia por turnos, onde os jogadores têm controlo total sobre a sua equipa de sobreviventes. Cada personagem pertence a uma classe única, desde lutadores de combate corpo a corpo até feiticeiros de água com poderes devastadores. Cada unidade tem o seu próprio conjunto de habilidades, especiais com tempos de recarga e dois Pontos de Ação para gastar em cada turno. Os inimigos, que incluem desde zombies comuns até mutantes gigantes, são retratados com detalhes vívidos num estilo de desenho animado. À medida que os jogadores vencem batalhas, recolhem recursos, ganham experiência e desbloqueiam runas e itens adicionais. As runas são habilidades passivas que podem ser atribuídas a cada personagem para melhorar as suas capacidades, oferecendo uma camada extra de estratégia nas batalhas. No entanto, a vida neste mundo pós-apocalíptico é implacável e se todas os personagens forem derrotadas ou se o veículo ficar sem combustível, a corrida chega ao fim. Nesse momento, os jogadores podem investir a moeda disponível em melhorias para o seu acampamento, o que lhes dará uma vantagem nas tentativas futuras de alcançar Sanctuary.

Days of Doom oferece uma experiência de jogo envolvente, onde a estratégia desempenha um papel fundamental. Cada batalha é como um puzzle que requer planeamento cuidadoso e decisões táticas. A variedade de inimigos e classes de personagens oferece oportunidades para explorar diferentes estratégias, enquanto as runas adicionam profundidade às habilidades das personagens. No entanto, um dos principais desafios que Days of Doom enfrenta é o seu nível de dificuldade. Para jogadores experientes, o jogo pode parecer um pouco fácil, com estratégias repetitivas muitas vezes sendo eficazes. A abundância de runas disponíveis também pode tornar as batalhas menos desafiadoras do que o desejado. Uma maior variedade de inimigos e um aumento na dificuldade ao longo do jogo poderiam proporcionar uma experiência mais gratificante para os jogadores. Além disso, Days of Doom apresenta algumas pequenas falhas na sua interface de utilizador, como a necessidade de realçar os personagens para dar ordens de guarda e a falta de indicadores claros para medir a linha de visão dos personagens de longo alcance.

Days of Doom é um passo promissor da Atari em direção à criação de títulos originais que podem atrair não apenas os fãs nostálgicos, mas também os jogadores contemporâneos. Embora tenha desafios a superar, como a sua dificuldade e interface de utilizador, o jogo oferece uma experiência estratégica sólida e envolvente. Com mais refinamentos e ajustes, a Atari pode continuar a evoluir e criar novos títulos que atendam às expectativas dos jogadores modernos. Apenas o futuro pode dizer se veremos a Atari no mundo dos jogos AAA novamente. Pessoalmente, espero que sim.

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