Análise: Torn Away

Torn Away, desenvolvido pela perelesoq, é uma aventura de plataforma e puzzles que narra a história de uma jovem chamada Asya, que tenta escapar dos campos de prisioneiros durante a Segunda Guerra Mundial e regressar à sua família. A jornada de Asya é repleta de perigos e reviravoltas improváveis. A premissa da história de Torn Away tem o potencial de criar situações emocionantes e intensas, algo que já foi explorado com sucesso em jogos como This War of Mine, que conseguem arrancar lágrimas dos jogadores. Infelizmente, a narrativa do jogo parece perder-se em vários momentos cruciais. Em diversas ocasiões, as cutscenes tentam retratar momentos dramáticos, mas a sua execução deixa muito a desejar. Por vezes, o que está a acontecer não fica claro para o jogador, o que pode ser frustrante.

O jogo culmina numa cena anticlimática em que os personagens se encontram sentados à volta de uma fogueira. Existem momentos cruciais na vida de Asya, mas parece que os desenvolvedores não souberam como preencher as lacunas entre esses momentos de forma significativa. A solução encontrada foi encher o jogo com diálogos vazios que pouco acrescentam à narrativa. Um personagem constante e irritante, o amigo imaginário de Asya, Comrade Mitten, constantemente tenta ditar como o jogador deve sentir-se. Este personagem é mais irritante do que útil e desnecessariamente impede o jogador de pensar por si próprio. Torn Away parece vagamente definido em termos de jogabilidade, misturando demasiados estilos no mesmo jogo. Embora as plataformas, os labirintos e a conclusão de objetivos sejam elementos típicos de jogos, a sua integração neste jogo carece de coesão. Nenhuma das mecânicas introduzidas é explorada a fundo, e o jogo não apresenta melhorias significativas nem alterações nas mecânicas convencionais.

A jogabilidade de plataformas é relativamente simples, limitando-se a saltar sobre lacunas e empurrar troncos para atravessar obstáculos. A maior parte da jogabilidade em Torn Away envolve movimentar-se para a direita no ecrã enquanto o personagem Comrade Mitten dita constantemente como o jogador deve sentir-se. Em outras ocasiões, o jogador desempenha tarefas domésticas numa casa que se assemelha àquela do início do jogo. Em alguns momentos, o jogo adota uma perspetiva em primeira pessoa para atravessar uma área. No entanto, nenhuma destas mecânicas contribui de forma significativa para o desenvolvimento da história, sendo as cutscenes as únicas que realmente avançam a narrativa. Infelizmente, todas as ações do jogo acabam por se tornar monótonas, resultando numa experiência de jogo tediosa.

O jogo parece ter perdido o seu foco e coesão ao tentar incorporar diversas mecânicas de jogo diferentes. Os puzzles que envolvem a realização de tarefas domésticas são particularmente frustrantes, uma vez que a mecânica de arrastar objetos não segue com precisão o movimento do rato. Apesar de todos os problemas de Torn Away, a sua arte merece destaque. A maioria das cenas de puzzles e plataformas apresenta um shader que cria um efeito de pintura em constante mudança, conferindo ao jogo uma aparência artística. As cutscenes animadas são particularmente impressionantes, com um estilo de pintura que faz com que o jogador deseje que todo o jogo fosse composto apenas por essas cenas. Se Torn Away consistisse apenas nas cutscenes com diálogos, poderia ter sido uma experiência mais interessante, embora mais curta. A música do jogo não se sincroniza bem com a arte e, por vezes, está ausente quando mais necessária.

Torn Away é um jogo com uma jogabilidade desajeitada e monótona, acompanhada por uma narrativa que frequentemente deixa os jogadores confusos. O áudio do jogo é mal misturado, com um excesso de diálogo desnecessário. A única característica destacável do jogo é a sua arte, que merece elogios. No entanto, a falta de coesão na jogabilidade e na narrativa prejudica significativamente a experiência do jogador.

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