Análise: SteamWorld Build

O mundo dos jogos é frequentemente marcado por fórmulas convencionais, mas SteamWorld Build destaca-se ao fundir elementos de construção de cidades e exploração de masmorras numa narrativa robopunk única. Desenvolvido pela Thunderful Games, este título oferece uma experiência peculiar e cativante. O jogo integra-se dentro do universo de SteamWorld, que conta já com uma série de outros jogos de diferentes géneros e o mais popular até agora foi talvez SteamWorld Dig. A narrativa do jogo transporta-nos para um ambiente onde a estética de Westworld se encontra com a atmosfera de Dungeon Keeper. Estamos encarregados de projetar a cidade perfeita para uma população de robots movidos a vapor, cujas atividades vão desde a produção de roboburgers a partir de robocows em quintas, até a exploração de masmorras em busca de seis partes essenciais de foguetes para escapar de um planeta condenado.

A premissa, embora aparentemente sem sentido, é uma declaração clara de que a SteamWorld Build prioriza a diversão e a originalidade sobre a lógica estrita. O jogo inicia-se com a tarefa de construir uma pequena aldeia para os steambots num deserto ao estilo do oeste selvagem. O jogador é desafiado a criar uma cidade funcional, estabelecendo cadeias de produção que ecoam a jogabilidade clássica de construtores de cidades como The Settlers. A aventura começa com a produção de toras por um lenhador, que são então processadas por uma serraria para criar tábuas, essenciais na construção de edifícios e no desenvolvimento da cidade. Acima do solo, a cidade revela-se como um arranjo visualmente agradável de estabelecimentos robowestern, onde os workerbots necessitam de acesso a serviços peculiares para manter a felicidade, desde lojas gerais até fazendas que fornecem água de cacto para suas caldeiras sedentas.

Este aspecto do jogo destaca-se pela sua excentricidade, pois o progresso na cidade pode ser afetado se os aristobots de classe alta não tiverem acesso a chapéus suficientemente agradáveis. Esta abordagem lúdica, longe das normas do género construtor de cidades, adiciona uma camada única de desafio e diversão. SteamWorld Build revela-se amigável para principiantes, enfatizado pela inclusão de uma ferramenta de movimento, que permite ao jogador pegar e relocar edifícios sem qualquer custo. Essa característica não apenas facilita a otimização da cidade, mas também incentiva ajustes constantes em busca da eficiência máxima. À medida que a cidade cresce e se torna mais densamente povoada, essa ferramenta torna-se essencial para manter uma disposição ordenada e eficaz.

A segunda metade do jogo leva-nos para baixo da superfície, muma experiência que evoca memórias de Dungeon Keeper e talvez um pouco de SteamWorld Dig. O objetivo agora é cavar profundamente nas entranhas da cidade para descobrir as seis partes do foguete, essenciais para a fuga dos robôs do planeta condenado. Neste submundo, os robôs são recrutados como escavadores, prospectores e mecânicos, desempenhando papéis vitais na recolha de recursos essenciais para o desenvolvimento da cidade acima. Contudo, as masmorras não são desprovidas de desafios, pois os escavadores logo descobrem a presença de inimigos nas sombras. Isso adiciona uma camada estratégica ao jogo, exigindo que o jogador recrute guardas para proteger os mineiros e configure defesas automatizadas. A jogabilidade adota um ritmo familiar, alternando entre a exploração das masmorras e a expansão da cidade. A falta de trabalhadores ou recursos pode interromper as escavações, levando à necessidade de se concentrar na expansão da cidade, e vice-versa.

Se comparado a jogos de construção de cidades mais complexos como Cities Skylines, SteamWorld Build pode parecer um pouco simplista. A ausência de desastres naturais e a necessidade limitada de infraestrutura além da construção de estradas podem ser percebidas como limitações. No entanto, esta simplicidade contribui para uma experiência mais acessível e centrada na diversão, mas também torna o publico alvo bastante mais abrangente. A simplicidade tem no entanto outro custo. Ao contrário de outros jogos do género que podem oferecer horas e horas de jogo, aqui temos uma experiência mais curta. O jogo é relativamente curto, sendo possível completar o jogo em cerca de 12 horas, dependendo do tempo dedicado à personalização da cidade.

Existem vários mapas para explorar, cada um desbloqueando um edifício único após a conclusão. No entanto, as diferenças entre essas áreas são superficiais, proporcionando uma variação limitada. Apesar desses pontos, SteamWorld Build conquista pela sua encantadora estética robopunk e pela qualidade das animações. A capacidade de zoom permite uma visão detalhada da cidade, acompanhando as atividades dos cidadãos robôs, adicionando uma camada de imersão ao jogo. A ferramenta de movimento torna a experiência do jogador flexível e personalizável, incentivando horas de dedicação para atender às necessidades dos steambots e manter o suprimento constante de roboburgers. SteamWorld Build é uma experiência encantadora e envolvente que se destaca pela sua abordagem única, convidando os jogadores a perderem-se nas suas mecânicas únicas.

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