Análise: EMPYRE: Earls of the Deep Earth

EMPYRE: Earls of the Deep Earth é a terceira entrada na série Empyre da Coin Operated Games, uma produtora internacional com sede em New Hampshire. Esta equipa foi formada por antigos membros de estúdios de renome como Crytek, Codemasters, Creative Assembly, Stormregion e Digital Reality, e tem como missão criar um universo neo-vitoriano único e distinto. A trilogia Empyre, composta por Lords of the Sea Gates lançado em 2017, Dukes of the Far Frontier de 2022 e o mais recente Earls of the Deep Earth, transporta os jogadores para um mundo alternativo e fortemente influenciado pelo steampunk e dieselpunk. Neste novo título, a história leva-nos a Xangai em 1899, antes dos eventos dos jogos anteriores, num cenário inspirado pelas obras de Júlio Verne e repleto de mistérios a desvendar.

A história de EMPYRE: Earls of the Deep Earth começa em 1899, antes do Dilúvio retratado no primeiro jogo da série. O protagonista sofre de amnésia no início da história, e ao seguir Elias, um ladrão e vigarista misterioso, acaba por chegar a Xangai. É nesta cidade que se revela um mundo esotérico e místico, profundamente enraizado na cultura oriental. O enredo é cativante e apresenta uma rica tapeçaria de elementos culturais e históricos, que contribuem para uma experiência imersiva e intrigante. Durante a nossa jornada, somos apresentados a uma variedade de personagens e locais que enriquecem a narrativa. As aldeias e florestas encharcadas pela chuva, juntamente com as cavernas iridescentes e quase psicadélicas, são particularmente notáveis na construção de um ambiente envolvente. A atenção aos detalhes culturais, como as artes marciais e a medicina tradicional chinesa, desempenha um papel fundamental na progressão da história, oferecendo tanto desafios como ferramentas essenciais para a nossa aventura.

A jogabilidade de EMPYRE: Earls of the Deep Earth é uma mistura de investigação, resolução de quebra-cabeças, combate e ação. A Coin Operated Games esforçou-se por despertar a nostalgia dos jogadores que apreciam os RPGs isométricos da velha guarda dos anos 90, como os primeiros Fallout e Planescape: Torment. No entanto, a experiência não está isenta de problemas. O sistema de combate é um dos aspectos onde EMPYRE: Earls of the Deep Earth faz progressos em relação aos seus predecessores. Utiliza um sistema híbrido de combate em tempo real e por turnos, permitindo aos jogadores entrar no Modo de Planeamento. Neste modo, os jogadores podem escolher ações para cada personagem da sua equipa enquanto a luta está pausada. Ao entrar no Modo de Ação, todos os personagens agem simultaneamente, proporcionando um controlo total sobre a equipa e uma experiência de combate mais limpa.

Este sistema é semelhante ao visto em Knights of the Old Republic e realmente ajuda a tornar as batalhas mais geríveis, embora ainda possam ser bastante caóticas. A introdução deste modo híbrido oferece uma camada adicional de estratégia que os fãs de RPGs táticos irão apreciar. Infelizmente, a interface e os controlos do jogo são áreas onde EMPYRE: Earls of the Deep Earth sofre mais. O design dos menus é confuso e sobrecarregado, começando desde a criação do personagem. Para um jogo que depende tanto da leitura de diálogos e textos, é frustrante que os painéis de diálogo apareçam nos lados esquerdo e direito da tela, exigindo que os nossos olhos saltem constantemente de um lado para o outro para acompanhar a ação. Além disso, não há som ou sincronização de vozes para os diálogos, o que pode tornar a experiência mais monótona. Embora seja interessante que os personagens falem nas suas línguas maternas não inglesas, o tempo adicional necessário para interpretar esses diálogos pode tornar a história, que já é lenta, ainda mais arrastada.

Os gráficos de EMPYRE: Earls of the Deep Earth são atmosféricos, mas não podem ser considerados bonitos. A renderização de ambientes, como as aldeias e florestas encharcadas pela chuva e as cavernas iridescentes, é impressionante e contribui para a criação de uma atmosfera envolvente. No entanto, a repetitividade dos modelos de personagens e edifícios é um ponto fraco. Ao longo do jogo, podemos contar nos dedos quantos modelos diferentes são usados, o que torna o ambiente estático e vazio. A interface do utilizador e os retratos dos personagens foram reutilizados dos jogos anteriores, o que dá uma sensação de reciclagem que pode desanimar os jogadores que esperavam novidades visuais. Em termos de som, o jogo é bastante silencioso, com efeitos sonoros de combate que, por vezes, são dolorosamente altos. A ausência de música ou sons de fundo consistentes contribui para uma experiência auditiva pobre.

Um dos pontos fortes de EMPYRE: Earls of the Deep Earth é a sua capacidade de criar uma atmosfera envolvente. A recriação de locais inspirados na cultura chinesa, com detalhes meticulosos e uma estética única, transporta os jogadores para um mundo neo-vitoriano cativante. A combinação de elementos steampunk e dieselpunk com influências culturais orientais resulta numa ambientação única que se destaca na série Empyre. Os criadores do jogo colocaram um grande esforço na criação de ambientes detalhados e atmosfericamente ricos, desde as vilas encharcadas pela chuva até às cavernas psicadélicas. Estes cenários são visualmente impressionantes e contribuem significativamente para a imersão do jogador. EMPYRE: Earls of the Deep Earth claramente visa despertar nostalgia nos jogadores que apreciam os clássicos RPGs de PC dos anos 90. A utilização de uma visão isométrica e a ênfase na narrativa e na resolução de quebra-cabeças são reminiscentes de jogos como os primeiros Fallout e Planescape: Torment. Esta abordagem pode atrair jogadores que têm saudades dos RPGs da velha guarda, mas também pode alienar aqueles que esperam mecânicas de jogo mais modernas e refinadas.

A combinação de elementos de jogos de RPG clássicos com novos sistemas, como o híbrido de combate em tempo real/turnos, mostra um esforço em equilibrar a nostalgia com inovações modernas. No entanto, a execução imperfeita destas mecânicas pode resultar numa experiência frustrante para alguns jogadores. EMPYRE: Earls of the Deep Earth é um jogo com um grande potencial, mas que sofre de uma execução inconsistente. A história é interessante e a atmosfera é cativante, com uma atenção aos detalhes culturais que enriquece a narrativa. No entanto, os problemas com a jogabilidade, a interface e a experiência audiovisual dificultam a recomendação deste jogo a um público mais amplo. Para os fãs fervorosos da série Empyre ou para aqueles que têm uma forte nostalgia pelos RPGs clássicos da velha guarda, Earls of the Deep Earth pode oferecer uma experiência satisfatória, especialmente quando adquirido em promoção. No entanto, para os jogadores que procuram uma experiência de jogo mais moderna e polida, este título pode ser uma decepção.

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