Introdução
Ship of Heroes é um dos mais recentes MMOs a tentar preencher o vazio deixado por City of Heroes, um dos títulos mais icónicos do género. Com outros sucessores espirituais ainda em desenvolvimento ou a avançar lentamente, as expectativas sobre Ship of Heroes são elevadas. Desenvolvido pela Heroic Games, o jogo tem mostrado progressos significativos, embora ainda esteja longe de estar completo. Recentemente, a beta de missões ofereceu uma oportunidade para os jogadores experimentarem uma parte do jogo, e esta análise reflete a experiência durante esse período. Embora tenha pontos positivos, Ship of Heroes mostra claramente que ainda há trabalho a fazer antes do lançamento oficial.
Jogabilidade
Como qualquer MMO de super-heróis, um dos pilares de Ship of Heroes é o criador de personagens, e aqui o jogo já brilha. Existem inúmeras opções de personalização que permitem aos jogadores criar heróis únicos, com diferentes arquétipos, poderes e tipos de corpo. O sistema de combate é baseado em habilidades, com um conjunto primário e secundário de poderes que podem ser combinados para criar diferentes estratégias. No entanto, nesta fase da beta, o combate ainda não é tão polido quanto se esperaria. Há atrasos nas animações, a identificação dos inimigos nem sempre é clara, e o sistema de targeting precisa de melhorias. Embora estes problemas sejam comuns em fases de beta, são aspetos que a Heroic Games precisará de afinar antes do lançamento completo. A movimentação também apresenta problemas, sendo descrita como flutuante e pouco precisa, o que prejudica a experiência geral.
Durante as missões, o jogador tem a oportunidade de ajudar diferentes departamentos da nave, com recompensas especiais associadas a cada escolha. No entanto, durante a beta, apenas o Conselho dos Magos estava disponível, limitando a variedade de missões. Algumas missões são divertidas e bem estruturadas, com objetivos claros e combate frenético, mas outras são prejudicadas por bugs ou falhas nos elementos interativos, como portas que não funcionam corretamente. Apesar destes problemas, a base para um MMO sólido está presente, especialmente se o combate for refinado e os problemas técnicos resolvidos.
Mundo e história
Ship of Heroes oferece um cenário interessante e algo bizarro, misturando elementos de fantasia e ficção científica. A nave em que os jogadores se encontram é o ponto central do jogo, servindo como base para as missões e interações entre jogadores. O conceito de uma nave gigante a viajar pelo espaço, habitada por heróis com poderes fantásticos, é cativante e oferece um contraste único com outros MMOs mais tradicionais.
As missões disponíveis na beta incluíam uma história que envolvia o Conselho dos Magos e a luta contra o Selo Vermelho, um grupo de magos inimigos. Embora a narrativa seja intrigante, o enredo por vezes parece desconexo devido à combinação de ambientes que não se encaixam bem. Por exemplo, os jogadores podem estar a lidar com magia antiga enquanto discutem embargos galácticos, o que pode ser um pouco estranho para quem procura uma experiência mais coesa. No entanto, esta mistura de géneros é parte da identidade única de Ship of Heroes, e poderá ser algo que os jogadores apreciem pela sua originalidade.
Grafismo
No que diz respeito aos gráficos, Ship of Heroes mostra que ainda está em desenvolvimento. Muitas das texturas parecem datadas, lembrando os primeiros dias dos MMOs dos anos 2000, como Second Life e EverQuest II. O mundo, embora funcional, ainda parece bastante plano e sem vida, o que pode afastar jogadores que esperam um visual mais moderno e polido. Além disso, muitos dos elementos visuais, como peças de arte nas paredes e objetos reutilizados, não se integram bem no ambiente geral, contribuindo para uma sensação de falta de identidade visual.
Apesar disso, alguns aspetos visuais merecem destaque. A animação de super velocidade, por exemplo, é divertida e bem implementada, e o uso de cinemática, onde os pés das personagens ajustam-se automaticamente ao terreno, é um toque agradável. No entanto, problemas como o movimento do cabelo, que não responde de forma realista, e a falta de opções mais detalhadas no criador de personagens, como símbolos no peito ou capas personalizadas, mostram que ainda há muito trabalho a ser feito para que o jogo atinja o nível de qualidade esperado pelos jogadores.
Som
O aspeto sonoro de Ship of Heroes é, até agora, uma área que passa despercebida. A música de fundo durante a criação de personagens é agradável e cria o ambiente certo para a tarefa, mas, fora isso, o som no jogo ainda precisa de ser mais desenvolvido. Um problema notável é a falta de clareza nos sons de combate. Muitas vezes, não é claro quando os inimigos estão a atacar ou a ser atacados, o que prejudica a fluidez do combate e torna a experiência mais frustrante.
Além disso, a falta de variação nas falas das personagens NPC e a ausência de um som ambiente mais envolvente fazem com que o mundo de Ship of Heroes pareça mais estático do que deveria. Num MMO de super-heróis, onde as batalhas épicas e os ambientes dinâmicos deveriam ser centrais, o som desempenha um papel crucial, e este é um ponto que precisa de ser melhorado para criar uma experiência verdadeiramente imersiva.
Conclusão
Ship of Heroes tem potencial para ser um MMO sólido e divertido, especialmente para os fãs de jogos como City of Heroes que estão à procura de uma nova casa. No entanto, nesta fase de desenvolvimento, ainda existem vários obstáculos a serem superados. O combate precisa de ser mais fluido, os gráficos mais refinados e o som mais imersivo. Além disso, o mundo e a história, embora interessantes, precisam de uma maior coesão para evitar a sensação de desconexão entre os vários elementos do jogo.
Dito isto, a beta mostra que a Heroic Games está a trabalhar numa base forte. Se conseguirem resolver os problemas técnicos e polir o conteúdo existente, Ship of Heroes poderá destacar-se como um excelente MMO de super-heróis. Até lá, é um projeto em progresso que vale a pena acompanhar, mas que ainda precisa de tempo para atingir todo o seu potencial.