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Análise: One Piece Odyssey

One Piece é neste momento uma das mais longas séries de animação de sempre e a sua popularidade parece que continua a crescer de dia para dia. Pessoalmente tenho uma ligação forte a One Piee. Acompanho o anime há muitos anos, compro o manga e no fundo é o meu anime favorito. Em termos de jogos não posso dizer que tenha o mesmo sentimento. Já joguei vários jogos da série, mas nunca senti que algum captura-se realmente o sentimento de aventura da série. Sim o combate é integral de One Piece, mas enquanto que Naruto e DragonBall são ideais para jogos de luta, One Piece apesar de funcionar, pede um tipo de jogo diferente para aproveitar ao máximo aquilo que a obra de Eiichiro Oda tem para oferecer.

Nem todos os jogos de One Piece foram jogos de luta, a Bandai Namco já se tinha aventurado antes em outros géneros, mas sinto que One Piece Odyssey seja talvez o jogo que melhor consegue capturar o sentimento da série até agora. Desenvolvido pela ILCA, One Piece Odyssey é um JRPG que não segue os eventos da história original, mas usa muitos dos momentos que a marcaram de uma forma mais ou menos inteligente. Digo mais ou menos porque no fundo acaba por ser pouco mais do que uma boa desculpa para trazer estes momentos para o jogo sem ter que seguir a ordem da série. Pessoalmente acho que raramente um jogo deva seguir à letra os eventos de um filme ou série. Isso retira a surpresa e liberdade tanto do jogador como dos criadores do jogo.

O jogo começa com Luffy e companhia a navegar quando são surpreendidos por uma tempestade. Tanto o navio como a tripulação dão à costa numa ilha onde uma mulher misteriosa retira os poderes de toda a gente. Para recuperar os seus poderes, a tripulação dos chapéus de palha tem de derrotar quatro guardiões, mas para isso tem de explorar as memórias das suas aventuras antigas. Os eventos antigos não são mostrados exatamente d a forma que aconteceram, mas de forma mais ou menos distorcida. Nestas memórias vamos reencontrar velhos conhecidos, tanto aliados como inimigos, portanto podem contar com a grande maioria das vossas personagens favoritas a marcar presença em One Piece Odyssey.

Oney Piece Odyssey tem uma história bastante razoável até, mas a maioria dos eventos mais interessantes acontecem apenas depois de horas de jogo. O início do jogo acaba por ser um pouco aborrecido, sem inimigos interessantes e com os jogadores a aprender habilidades que podem usar fora do combate. Luffy como é de borracha por exemplo, é imune ao dano elétrico e Chopper pode passar por passagens estreitas. Isto é ótimo e mostra usos criativos para as personagens fora do combate, mas o início do jogo acaba por sofrer por causa disso. É ótimo poder explorar o mundo do jogo de uma forma mais aberta, recheado de quests e aventuras secundárias e locais para explorar recheados de vida, no entanto podia ter existido um pouco mais de equilíbrio entre os atos do jogo, para que o primeiro não sofresse tanto.

O combate do jogo é por turnos e apesar de não ser o mais único ou inovador, consegue ser minimamente fresco e fiel ao material de origem. Cada personagem tem habilidades, que quando usadas consomem TP. Esse TP pode ser recuperado utilizando ataques normais ou usando itens consumiveis. O TP também é mantido entre batalhas, o que requer uma maior gestão do que em muitos jogos do género. Também existem elementos a ter em conta. Se bem se lembram, referi acima que Luffy por exemplo era imune a eletricidade e isso não é só importante fora do combate, com os elementos a fazerem parte das forças e fraquezas tanto dos nossos heróis como dos inimigos. Podemos trocar de maneira livre os elementos do grupo, portanto podemos sempre tirar partido das suas forças e fraquezas.

A maioria dos combates consegue ser resolvida com ataques simples, mas convém irem treinando este sistema para os combates mais complicados. Os combates são iniciados quando tocamos nos inimigos, existindo também um ou outro combate surpresa, mas é raro. Os combates contra bosses têm pontos de gravação perto, portanto nunca senti que houvesse perigo de perder muito progresso. Não existe grande necessidade de grind também e no geral senti-me confortável em ignorar muitos inimigos básicos e simplesmente usando os poderes de esticar os braços de Luffy para agarrar o loot. Os combates por vezes têm objetivos especiais que nos dão pontos extra de experiência. Grande parte do poder de uma personagem vem dos acessórios equipados. Podemos comprar e fundir equipamento e o sistema de fusão permite muita costumização. É possível que as personagens fiquem realmente poderosas, ao ponto de aniquilar facilmente os inimigos mais básicos e assim retirar os elementos mais aborrecidos do jogo.

O jogo acaba por sofrer essencialmente na parte inicial. As personagens estão fracas neste momento, os níveis são mais lineares e a história pouco evolui. É como se tudo o que de melhor o jogo tem para oferecer estivesse ausente durante esta fase. A exploração praticamente não existe e é de tal forma desencorajada que o jogo simplesmente nos coloca no local certo. Mesmo nas secções mais avançadas existem pequenos problemas, sobretudo de backtracking que o jogo nunca usa da melhor forma, mas é sobretudo um problema do início do jogo.

Visualmente o jogo é muito bom. O mundo do jogo é uma recriação quase perfeita do ambiente da série, sejam eles locais conhecidos ou novos, cidades portuárias ou até cavernas e masmorras. Existem zonas menos interessantes aqui e ali, mas no geral o jogo está muito bem conseguido visualmente. Existe sempre muita coisa para fazer, com muitos objetivos secundários e locais para explorar. A qualidade do jogo faz com que seja possível aproveitar o jogo mesmo se não tiverem qualquer ligação com o material de origem. Também a banda sonora é muito boa, baseada em composições instrumentais que nos fazem companhia nas várias horas que o jogo dura.

One Piece Odyssey é uma aventura fantástica para fãs da série e uma muito boa também para quem não tem qualquer ligação com One Piece. O combate é bom, a história é interessante e contém referências aos eventos mais marcantes da série. Existem pequenos problemas, mas não afetam o grande esquema das coisas. Não sei até que ponto é o melhor jogo baseado em One Piece, mas é o meu favorito.