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Análise: Another Code: Recollection

Da mesma forma que a Nintendo Switch veio revolucionar a forma como olhamos para os disposivos handheld, houve uma altura em que a Nintendo DS reinava como o local de eleição para os amantes de jogos de mistério. À frente estavam os enredos judiciais cativantes da série Ace Attorney e as intrigantes histórias de detetive em forma de livro de puzzles de Professor Layton. No entanto, para completar este cenário, havia um estúdio menos conhecido chamado Cing, que já encerrou atividades desde então, mas que lançou dois excelentes mistérios para a Nintendo DS, Hotel Dusk: Room 215 e Another Code. Estes jogos acabaram por alcançar o estatuto de clássicos de culto e agora, o último deles, está a receber uma segunda oportunidade com uma edição remaster para a Nintendo Switch, que mantém todas as partes excelentes enquanto atualiza alguns elementos para os jogadores modernos.

Esta nova versão, intitulada Another Code: Recollection, na verdade é um conjunto que inclui dois jogos diferentes. Além do Another Code para o DS, há também a sua sequela, A Journey into Lost Memories, que foi lançada na Wii, mas nunca chegou a ser oficialmente lançada no ocidente. Portanto, para muitos fãs do jogo original, esta é a primeira oportunidade de experimentar a história completa. Ambos os jogos são romances visuais com uma generosa dose de puzzles, repletos de portas trancadas de forma intricada e máquinas complexas que certamente deixariam orgulhoso o arquiteto por trás da mansão de Resident Evil. A série Another Code tem como protagonista uma jovem chamada Ashley, que cresceu a acreditar que o seu pai faleceu quando ela era pequena. No entanto, de forma inesperada, apenas alguns dias antes do seu 14º aniversário, ela recebe um convite do seu pai para se encontrar na sinistramente nomeada Ilha de Blood Edward.

Ao chegar lá, Ashley conhece um fantasma amnésico chamado D, que apenas ela consegue ver, e os dois iniciam a exploração da ilha em conjunto, desvendando todo o tipo de segredos. Ashley descobre a verdade sobre os seus pais, enquanto D recupera as suas memórias há muito perdidas. Além disso, há uma máquina capaz de apagar e editar memórias da mente de alguém. O jogo está repleto de mistérios por descobrir. A sequela decorre dois anos mais tarde, com Ashley mais uma vez encontrando-se com o seu pai, desta vez para uma viagem de acampamento na floresta, o que desencadeia ainda mais segredos. Curiosamente, a nova versão remaster não separa os jogos. Não há opção para escolher entre um ou outro a partir do menu principal. Em vez disso, uma vez que o jogador termina o jogo Another Code original, a história flui diretamente para o próximo jogo, conferindo uma sensação de continuidade.

No entanto, esta não é a única mudança neste pacote. Embora a excelente história permaneça inalterada, assim como a maioria dos puzzles, praticamente tudo o resto foi renovado. Há agora vozes, espaços totalmente tridimensionais para explorar, visuais com estilo anime polidos e cutscenes dinâmicas que enquadram as conversas como uma banda desenhada em movimento constante. Além disso, agora o estranho dispositivo que Ashley carrega parece uma Nintendo Switch em vez de uma DS. Tudo parece e soa fantástico e também foram adicionadas algumas melhorias de qualidade de vida que tornam a experiência um pouco mais suave. Em primeiro lugar, há um sistema de dicas progressivas. Embora seja opcional, quando ativado, oferece dicas para os puzzles que começam de forma bastante básica, mas tornam-se cada vez mais detalhadas conforme necessário. Basicamente, permite escolher o nosso próprio nível de dificuldade à medida que jogamos. Da mesma forma, é bastante fácil perder detalhes importantes durante o jogo, por isso há uma opção que permite ativar uma seta direcional que sempre aponta para o o próximo objetivo.